segunda-feira, 30 de março de 2009

O Tarantino quase esquecido

Da série "Filmes que ninguém lembra"

Cães de Aluguel

Quando se fala em Quentin Tarantino, rápido-rápido se pensa em Pulp Fiction ou Kill Bill. Há quem lembre até de Assassinos por Natureza, que Tarantino não dirigiu, mas escreveu - fazendo do filme de Oliver Stone um dos melhores de sua carreira, só por aquela "camada extra" de violência que só o Tarantino pode imaginar. Ok, ok... Mas antes de Pulp Fiction e mesmo antes de Assassinos por Natureza, o esquisitinho do Tennessee já havia escrito e dirigido um dos melhores filmes já produzidos no cinema: Cães de Aluguel [Reservoir Dogs, 1992], decididamente o roteiro mais sem noção que um roteirista pode ter escrito na vida!



Pra começar o filme começa no clímax. Ou em um dos clímax. E a partir deste "desfecho", uma série de coisas começam a acontecer, mas não sem antes explicar como tudo foi dar naquele clímax. Entendeu? É complicado mesmo, mas é possível compreender tudo! De maneira simplista, a história pode ser contada da seguinte maneira: um grupo de ladrões [que não se conhecem, que fique bem claro] se reúne em torno do plano e um assalto a uma joalheria. Serviço simples, alguém de dentro vai facilitar, é só entrar, pegar as jóias, não dar nenhum tiro e pronto: faz-se a partilha e cada um vai para o seu lado, sem saber como um pode encontrar o outro depois do trabalho. Para garantir isso, ninguém no grupo tem nome. Tem codinome: Mr. Pink, Mr. Blue, Mr. White, Mr. Brown, Mr. Green, Mr. Orange e Mr. Blonde, cada um com uma característica marcante; Pink é falador, White é veterano, Blonde é extremamente sádico [a uma certa altura do filme, ele vai ao carro pegar um galão de gasolina para atear fogo em um policial refém].

Como percebemos logo no começo do filme, o plano é mal sucedido e uma situação insólita se estabelece entre os ladrões. Quem morreu? Quem ficou com as jóias? Como os policiais chegaram tão rápido à cena do crime depois do alarme? Alguém traiu o grupo? O clima de desconfiança e a tensão são insuportáveis, especialmente quando fatos anteriores ao assalto vão sendo apresentados e vamos começando a delinear a figura do agente da traição.

Como em todo filme de Tarantino, os diálogos são fantásticos, mesmo aqueles que não tem nada a ver com a trama principal. No início da trama, os ladrões discutem o sentido da letra de Like a Virgin - e formulam uma teoria bem interessante a partir disso. Pink também reclama de levar esse codinome, além de se recusar a dar gorjeta à garçonete que os serve à mesa; tudo dito num diálogo inacreditavelmente criativo e irreverente. Também como em todo filme de Tarantino, há violência e sangue. E sangue. E sangue. Um personagem passa o filme inteiro dentro de uma poça do seu próprio sangue, à beira da morte. Blonde arranca, a faca, a orelha de um policial. Brown leva um tiro da moça de quem queria roubar o carro [pra fugir do tiroteio]. E por aí vai. No trailer abaixo dá para se ter uma vaga idéia...



E muito antes do Sexto Sentido e o menininho que via gente morta, Tarantino já havia quebrado a linha narrativa de um roteiro, contando tudo de maneira não-linear, indo e voltando no tempo, na maior naturalidade, sem que isso se torne confuso. Genial. É um dos Grandes Tarantinos. Pena que quase ninguém lembre dele - como ninguém lembra de Jackie Brown, mas isso é assunto pra outro post.

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Este blogue apoiou a idéia da Hora do Planeta, organizada pelo WWF, e convenci todo mundo aqui em casa, que tínhamos que passar uma hora inteira da noite de sábado com as luzes desligadas. Convenci ainda duas vizinhas e uma de minhas tias. Quero deixar claro que esta não é minha única atitude por um planeta melhor, mas acho que vale à pena fazer com que certas coisas pareçam espetáculo: só assim tanta gente participa. =)


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Mais um selinho da nossa próxima Blogagem Coletiva - o filme da minha vida, que acontece nos dias 29 e 30 de abril.


Passa lá!

terça-feira, 24 de março de 2009

Homenagem ao malandro: um meme musical

Este blogue permance em processo de recuperação do tempo perdido enquanto meu PC esteve em greve. Publico agora um meme que foi uma delícia responder, embora realmente não tenha sido a coisa mais fácil do mundo. Duas fofas me enviaram: a Dani (A louca da casa) e a Elen (Last but not least). A proposta é a seguinte:

1- escolher um cantor(a) ou banda de sua preferência;
2- a cada pergunta feita, terá que escolher um título OU trecho de uma música e colocá-lo como resposta;
3-depois aporrinhar mais 7 blogueiros, repassando a árdua tarefa.

Claro que escolhi responder com trechos, né?! E claro que o ser musical dominante em minha cabeça já há muito tempo é Francisco de Hollanda Buarque, o malandro maior, o rei do "eu feminino", o dono de meus pensamentos musicais, o inigualável Chico Buarque. Aí vão as repostas:

1-És homem ou mulher?
Sou Ana do dique e das docas
Da compra, da venda, das trocas de pernas
Dos braços, das bocas, do lixo, dos bichos, das fichas
Sou Ana das loucas
Até amanhã
Sou Ana
Da cama, da cana, fulana, sacana
Sou Ana de Amsterdam [Ana de Amsterdan]

2-Descreve-te
Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala
Você era a favorita onde eu era mestre-sala [Quem te viu, quem te vê]

3-O que as pessoas acham de ti?
Essa moça tá diferente
Já não me conhece mais
Está pra lá de pra frente
Está me passando pra trás
Essa moça tá decidida
A se supermodernizar
Ela só samba escondida
Pra ninguém reparar [Essa moça tá diferente]

4-Como descreves teu atual relacionamento?
O nosso amor é tão bom
O horário é que nunca combina
Eu sou funcionário
Ela é dançarina
Quando pego o ponto
Ela termina [Ela é dançarina]

5-Descreva o momento atual de tua relação
Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa, qual o quê! (...)
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê!
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer? Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você. [Com açúcar, com afeto]

6-Onde querias estar agora?
Mangueira
Estou aqui na plataforma
Da Estação Primeira
O Morro veio me chamar
De terno branco e chapéu de palha
Vou me apresentar à minha nova parceira
Já mandei subir o piano pra Mangueira [Piano na Mangueira]

7-O que pensas a respeito do amor?
O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita [O que será (À flor da pele)]

8-Como é tua vida?
Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Deixei a fatia
Mais doce da vida
Na mesa dos homens
De vida vazia
Mas, vida, ali
Quem sabe, eu fui feliz [Vida]

9-O que pedirias se pudesses ter só um desejo?
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que me deixa maluca, quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita [O meu amor]

10 - Escreva uma frase sábia
Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar [Futuros Amantes]

Para encerrar esta humilde homenagem ao malandro, deixo o link de um vídeo da música O meu amor, interpretada por Marieta Seevero e Elba Ramalho na peça teatral A Ópera do Malandro, escrita por Chico Buarque.


Repasso este meme para Renata, d'O mundo na Luneta, para Paty, do Blueberry Lover [ela, que adora música!], para a querida Madrasta Má, para Bia, do Eu não Consigo Odiar Ninguém e para a linda Nina, do Entre Mãe e Filha.

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Deixo também mais um selo da nossa próxima Blogagem Coletiva - O filme da minha vida, a ser realizada nos dias 29 e 30 de abril.


Passa pra ler!

sábado, 21 de março de 2009

Milionário nada: quero mesmo é ser amado!

Acabo de chegar da sala escura, ainda com uma ponta de maravilhamento. Em cartaz, Quem quer ser um milionário? [Slumdog Millionaire], vencedor do Oscar de 2009 na categoria melhor filme. Ok, acho que essa não é a melhor maneira de apresentar o filme de favela que conquistou Holywood, mas o filme foi feito para ganhar o ocidente: ele conta com vários elementos fortes do imaginário coletivo ocidental, como o herói injustiçado, um romance impossível, ainda que perseverante e uma história de superação em meio às corrupções que a vida impõe a todos.


A história de Jamal, favelado e quase analfabeto, que chega onde nenhum intelectual conseguiu chegar - às portas de levar o prêmio de 20 milhões de rúpias num jogo de perguntas e respostas ao melhor estilo Show do Milhão - é apresentada em três tempos, numa maneira muito atípica de se contar histórias: a infância não tão remota, mas muito presente; o andamento do "jogo", poucas horas antes, em que ele respondeu às perguntas na tevê; e o presente trágico, em que ele é torturado na delegacia para que admita que fraudou o programa. Ora! "Como um favelado consegue chegar na última pergunta?" - pergunta o torturador à certa altura.

Lembrando Forrest Gump, Jamal conta reminiscências de sua dura infância, explicando como é que um favelado pode aprender coisas como saber que quem inventou o revólver foi John Colt e que Benjamin Franklin é o careca que aparece na nota de cem dólares. Em meio à violência de sua infância e a violência da tortura que sofre, Jamal só pensa em reencontrar Latika, a dona de seu coração desde que foi apresentado ao vasto mundo de Mumbai - quando uma briga religiosa entre muçulmanos e hindus mata sua mãe e o deixa largado na miséria, junto ao irmão Salim e à própria Latika. Ela sim é o motivo de tudo isso! Estar na tevê para que ela o veja.

Com um começo e um final dignos de Bolywood, a tela nos questiona "como ele conseguiu"? Alternativas - a) ele trapaceou; b) ele é sortudo; c) ele é um gênio; d) estava escrito.

(Pra mim, estava escrito.)
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Quem quer ser um milionário foi dirigido pelo cineasta inglês Danny Boyle, que fez os ótimos Cova Rasa e Trainspotting, o mais ou menos A Praia e o péssimo Por uma vida menos ordinária.
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Mudando o foco, como diria a Renata (O mundo na luneta), recebi um selo, dela mesma.

Ele tem regras. Seguem abaixo:

1) Escrever uma lista com oito coisas que sonhamos fazer antes de morrer;
2) Convidar oito parceiras de blogs amigos para também responder;
3) Comentar no blog de quem nos convidou;
4) Comentar no blog de nossos(as) convidados(as) para que saibam da convocação.

Minhas respostas...

1.Quero ter um filho ou uns filhos. Na verdade, quero mesmo é ser mãe!

2. Quero conhecer lugares exóticos: Índia (todo mundo já sabe); a cidade de Granada, na Espanha; as ilhas gregas; as ilhas Maldivas (antes que elas sumam), entre outros...

3. Quero dirigir um documentário!

4. Quero escrever um livro. Ou vários.

5. Nossa, oito sonhos são muitos sonhos! Vou ficando por aqui com um desejo ardente: Te quero muito, chuchu!

Repasso para Elen (Last but not Least), Nina (Entre Mãe e Filha), Bia (Eu não consigo odiar ninguém), Dani (A louca da casa) e a todos que quiserem levar este selo. E publico aqui mais um dos lindos selos da próxima Blogagem Coletiva em que este blog está engajado - O filme da minha vida.


Aparece pra ler!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Estou de volta!

Depois de quase trinta dias sem computador em casa - nossa, tudo isso! - estou de volta à blogosfera, cheia de coisas para blogar! Confesso que estou meio ansiosa e um pouco sem saber o que postar agora, entre tantas coisas, enfim. Antes de mais nada, preciso agradecer aos amigos que passaram por aqui para saber o que se passava! E agradecer aos que tiveram paciência.

Pensando nas prioridades, preciso postar logo o selinho da Blogagem Coletiva deste mês, que vai repetir a dificuldade do mês passado, em que tivemos que escolher o livro da nossa vida: dessa vez a escolha se transpôs para a tela grande! Aí vai:

Blogagem Coletiva: O filme da minha vida
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"Se encontrar um livro que tenha norteado sua vida até agora foi difícil, um filme será próximo do impossível. Eu sei muito bem disso. Existem dezenas de filmes que eu realmente gostei de assistir e virão outros, se Deus quiser. O filme de minha vida é um exercício. Escolher um filme que tenha marcado muito. Se sair uma listinha com dez, ainda assim estará valendo. Mas existe sempre AQUELE filme. Falemos sobre ele.

Caso deseje participar:

1. Deixe seu nome e o link do seu blog, até o dia 27 de abril, clicando aqui;

2. Leve um dos selos da coletiva;

3. Faça um post sobre o evento no seu blog, contendo este passo-a-passo e divulgue o selo;

4. Prepare na data marcada - dias 29 e 30 de abril- um post falando sobre o filme , sobre a experiência de assistí-lo, o que marcou, o que quiser falar sobre ele. Trata-se do seu filme preferido e, e claro, você é quem manda."

A turma que topou a coletiva deste mês fez um monte de selos legais para este tema. Vou publicá-los aqui até chegar o grande dia.


Essa coletiva é mais uma iniciativa da Vanessa, do Fio de Ariadne.
Ela tá ficando craque nisso.
Aparece para ler!
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terça-feira, 10 de março de 2009

Na espera



Continuo sem PC.

Na espera de um novo...
Ou da grana para comprar um novo.
hahaha