domingo, 17 de dezembro de 2006

Que diabos é Doppelgänger?

Lendas germânicas contam que o doppelgänger é um ser fantástico, muitas vezes confundido com um monstro, que tem a habilidade de representar a cópia idêntica de uma pessoa. Imita em tudo a pessoa copiada, até mesmo as características internas mais profundas, com a diferença de que não possui qualquer senso de vergonha ou receio de não-aceitação social, o que quer dizer que: tudo que lhe dá na vontade, ele faz, independente do que possa ser definido como “boa ação” ou “mau comportamento”. Trocando em miúdos, ele seria o duplo de qualquer pessoa, uma réplica, que vive em lugar ignorado e que, sempre, é muito pior que a pessoa “original”: um oposto perfeito.

A primeira vez que ouvi falar [ou melhor, li] essa palavra foi no romance de Michael Chabbon, Garotos Incríveis (presente na minha top list de leituras), em que um personagem padecia com a presença constante de seu doppelgänger, espantando amigos, exagerando nos passos de dança numa boate, insolentemente dando em cima de mulheres indisponíveis, enfim, fazendo tudo o que um tímido professor de literatura alemã não faria nem em seus dias mais “livres”.

Existem muitas controvérsias sobre como esta criatura é definida: algumas lendas dizem que se trata de um prenúncio de maus agouros, enquanto outras a definem como uma representação acentuada do lado negativo de uma pessoa. No primeiro caso, conta-se que ver seu próprio doppelgänger é um sinal de morte iminente, pois reza o mito que está-se vendo sua própria alma projetando-se para fora do corpo, para assim embarcar rumo ao plano astral. Nesta versão, é possível encaixar acontecimentos estranhos, e às vezes até inexplicáveis, que aconteceram com pessoas públicas ou não. Um dos mais interessantes é o episódio relacionado à morte de Abraham Lincoln, presidente norte-americano que manteve a unidade dos Estados Unidos durante a Guerra da Secessão, cujo doppelgänger teria aparecido num sonho de sua esposa, um dia antes dele [Lincoln] ser assassinado.

A definição de doppelgänger como o gênio ruim também é uma ótima versão da lenda, já que o monstrengo tentaria exercer uma influência negra sobre seu par “verdadeiro” ou simplesmente tentaria destruir a imagem boa plantada pelo seu par ao longo dos anos - como é o caso do personagem de Chabbon. Essa versão já ilustrou muita literatura, como no fantástico romance [ou romance fantástico] de Italo Calvino, O Visconde Partido ao Meio, onde um visconde, como é sugerido no título, é partido ao meio por uma bala de canhão, durante uma das muitas guerras santas da Idade Média: milagrosamente, as duas metades do visconde voltam à sua terra natal, uma fazendo muitas maldades e outra fazendo bondades demais, o que causa uma onda de revolta no vilarejo, já que ninguém agüenta alguém completamente mau ou insuportavelmente bom.

Um amigo disse uma vez que o doppelgänger nada mais é do que os conflitos internos de cada um brigando entre si - isso até foi parar na descrição do blog! A opinião é muito relevante, quando lembramos que de vez em quando estamos a nos perguntar "será que aquela situação não pedia um pouco mais de maldade da minha parte?" ou "sou boba sempre e, no fundo, só quero ser boa..." e coisas desse tipo; quer dizer: o que vale mais à pena? Ser "bom" e ser querido por todos ou me comportar como um sujeito "mau" e fazer só o que me der na idéia?

Enfim, minha versão da lenda preferida: o doppelgänger de cada um estaria perdido nesse mundão que a gente conhece [e no que a gente desconhece também] talvez fazendo simplesmente coisas que a gente tem vontade, mas não tem coragem. Sob esse ponto de vista, posso dizer que o doppelgänger é uma versão feliz de nós mesmos! Aí, caros amigos, eu vos digo: que vontade de encontrar meu doppelgänger perdido...

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Dez motivos para amar "O fabuloso destino de Amélie Poulain"


1. Me faz parecer menos maluca quando estou em alguma atividade cotidiana e começo a pensar em como seria bom se algo diferente acontecesse – no caso do filme, Amélie prepara um bolo e imagina Nino chegando à sua casa, numa visita surpresa. No meu caso pode ser qualquer outra coisa – qualquer outra coisa mesmo – às vezes estou na ante-sala do prefeito, esperando o ok para entrar no gabinete e fazer logo a bendita entrevista marcada e fico imaginando como seria interessante se o prefeito resolvesse simplesmente comentar algo sobre o novo livro do Dalton Trevisan, “Macho Não Ganha Flor”... Uh! Já pensou nisso...? O Trevisan e sua visão cafajeste do mundo seria uma ótima maneira de começar o dia no trabalho...

2. Me fez descobrir que é muito melhor conhecer uma pessoa através de seus prazeres do que pela intuição que se tem do saldo de sua conta bancária – como a maioria das pessoas costuma fazer. Não há nada melhor do que saber que aquela figura que estou maluca para impressionar adora encher uma caneca de café enquanto trava uma longa conversa ao telefone...

3. Dá vontade de sair fazendo boas ações para todos os lados, o que sempre é recompensante, visto que uma boa ação gera muitas outras – o que acaba melhorando este mundo sem-pé-nem-cabeça em que vivemos.

4. Fortalece minha criatividade e muito do meu lado mais lúdico – com tantos inventos, planos e maquinações da Amélie, acabo me inspirando ao tratar de assuntos chatos como encarar uma reunião com o chefe.

5. Me dá a certeza que minha coleção de marcadores de livros não é besteira nenhuma!

6. Me faz rir muito, muito mesmo. E o sorriso insiste em permanecer em meu rosto por alguns longos (e abençoados) dias...

7. Me faz ver da melhor maneira possível coisas chatas que acontecem comigo, afinal, nem todo dia pode ser perfeito, né?

8. Me deixa muito mais feliz e satisfeita com a mãe nada neurótica – às vezes até desapegada – que tenho.

9. Me faz achar normal que meu pai cuide da grama todo fim de semana – em vez de cuidar todos os dias, como o desconfiado e abandonado Sr. Poulain.

10. Me faz ter menos medo de andar de moto!

(Bônus Track)

11. Me dá mais e mais vontade de conhecer Paris!

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Experimento Simples

1, 2, 3... testando... 1, 2, 3...