Lendas germânicas contam que o doppelgänger é um ser fantástico, muitas vezes confundido com um monstro, que tem a habilidade de representar a cópia idêntica de uma pessoa. Imita em tudo a pessoa copiada, até mesmo as características internas mais profundas, com a diferença de que não possui qualquer senso de vergonha ou receio de não-aceitação social, o que quer dizer que: tudo que lhe dá na vontade, ele faz, independente do que possa ser definido como “boa ação” ou “mau comportamento”. Trocando em miúdos, ele seria o duplo de qualquer pessoa, uma réplica, que vive em lugar ignorado e que, sempre, é muito pior que a pessoa “original”: um oposto perfeito.
A primeira vez que ouvi falar [ou melhor, li] essa palavra foi no romance de Michael Chabbon, Garotos Incríveis (presente na minha top list de leituras), em que um personagem padecia com a presença constante de seu doppelgänger, espantando amigos, exagerando nos passos de dança numa boate, insolentemente dando em cima de mulheres indisponíveis, enfim, fazendo tudo o que um tímido professor de literatura alemã não faria nem em seus dias mais “livres”.
Existem muitas controvérsias sobre como esta criatura é definida: algumas lendas dizem que se trata de um prenúncio de maus agouros, enquanto outras a definem como uma representação acentuada do lado negativo de uma pessoa. No primeiro caso, conta-se que ver seu próprio doppelgänger é um sinal de morte iminente, pois reza o mito que está-se vendo sua própria alma projetando-se para fora do corpo, para assim embarcar rumo ao plano astral. Nesta versão, é possível encaixar acontecimentos estranhos, e às vezes até inexplicáveis, que aconteceram com pessoas públicas ou não. Um dos mais interessantes é o episódio relacionado à morte de Abraham Lincoln, presidente norte-americano que manteve a unidade dos Estados Unidos durante a Guerra da Secessão, cujo doppelgänger teria aparecido num sonho de sua esposa, um dia antes dele [Lincoln] ser assassinado.
A definição de doppelgänger como o gênio ruim também é uma ótima versão da lenda, já que o monstrengo tentaria exercer uma influência negra sobre seu par “verdadeiro” ou simplesmente tentaria destruir a imagem boa plantada pelo seu par ao longo dos anos - como é o caso do personagem de Chabbon. Essa versão já ilustrou muita literatura, como no fantástico romance [ou romance fantástico] de Italo Calvino, O Visconde Partido ao Meio, onde um visconde, como é sugerido no título, é partido ao meio por uma bala de canhão, durante uma das muitas guerras santas da Idade Média: milagrosamente, as duas metades do visconde voltam à sua terra natal, uma fazendo muitas maldades e outra fazendo bondades demais, o que causa uma onda de revolta no vilarejo, já que ninguém agüenta alguém completamente mau ou insuportavelmente bom.
Um amigo disse uma vez que o doppelgänger nada mais é do que os conflitos internos de cada um brigando entre si - isso até foi parar na descrição do blog! A opinião é muito relevante, quando lembramos que de vez em quando estamos a nos perguntar "será que aquela situação não pedia um pouco mais de maldade da minha parte?" ou "sou boba sempre e, no fundo, só quero ser boa..." e coisas desse tipo; quer dizer: o que vale mais à pena? Ser "bom" e ser querido por todos ou me comportar como um sujeito "mau" e fazer só o que me der na idéia?
Enfim, minha versão da lenda preferida: o doppelgänger de cada um estaria perdido nesse mundão que a gente conhece [e no que a gente desconhece também] talvez fazendo simplesmente coisas que a gente tem vontade, mas não tem coragem. Sob esse ponto de vista, posso dizer que o doppelgänger é uma versão feliz de nós mesmos! Aí, caros amigos, eu vos digo: que vontade de encontrar meu doppelgänger perdido...
A primeira vez que ouvi falar [ou melhor, li] essa palavra foi no romance de Michael Chabbon, Garotos Incríveis (presente na minha top list de leituras), em que um personagem padecia com a presença constante de seu doppelgänger, espantando amigos, exagerando nos passos de dança numa boate, insolentemente dando em cima de mulheres indisponíveis, enfim, fazendo tudo o que um tímido professor de literatura alemã não faria nem em seus dias mais “livres”.
Existem muitas controvérsias sobre como esta criatura é definida: algumas lendas dizem que se trata de um prenúncio de maus agouros, enquanto outras a definem como uma representação acentuada do lado negativo de uma pessoa. No primeiro caso, conta-se que ver seu próprio doppelgänger é um sinal de morte iminente, pois reza o mito que está-se vendo sua própria alma projetando-se para fora do corpo, para assim embarcar rumo ao plano astral. Nesta versão, é possível encaixar acontecimentos estranhos, e às vezes até inexplicáveis, que aconteceram com pessoas públicas ou não. Um dos mais interessantes é o episódio relacionado à morte de Abraham Lincoln, presidente norte-americano que manteve a unidade dos Estados Unidos durante a Guerra da Secessão, cujo doppelgänger teria aparecido num sonho de sua esposa, um dia antes dele [Lincoln] ser assassinado.
A definição de doppelgänger como o gênio ruim também é uma ótima versão da lenda, já que o monstrengo tentaria exercer uma influência negra sobre seu par “verdadeiro” ou simplesmente tentaria destruir a imagem boa plantada pelo seu par ao longo dos anos - como é o caso do personagem de Chabbon. Essa versão já ilustrou muita literatura, como no fantástico romance [ou romance fantástico] de Italo Calvino, O Visconde Partido ao Meio, onde um visconde, como é sugerido no título, é partido ao meio por uma bala de canhão, durante uma das muitas guerras santas da Idade Média: milagrosamente, as duas metades do visconde voltam à sua terra natal, uma fazendo muitas maldades e outra fazendo bondades demais, o que causa uma onda de revolta no vilarejo, já que ninguém agüenta alguém completamente mau ou insuportavelmente bom.
Um amigo disse uma vez que o doppelgänger nada mais é do que os conflitos internos de cada um brigando entre si - isso até foi parar na descrição do blog! A opinião é muito relevante, quando lembramos que de vez em quando estamos a nos perguntar "será que aquela situação não pedia um pouco mais de maldade da minha parte?" ou "sou boba sempre e, no fundo, só quero ser boa..." e coisas desse tipo; quer dizer: o que vale mais à pena? Ser "bom" e ser querido por todos ou me comportar como um sujeito "mau" e fazer só o que me der na idéia?
Enfim, minha versão da lenda preferida: o doppelgänger de cada um estaria perdido nesse mundão que a gente conhece [e no que a gente desconhece também] talvez fazendo simplesmente coisas que a gente tem vontade, mas não tem coragem. Sob esse ponto de vista, posso dizer que o doppelgänger é uma versão feliz de nós mesmos! Aí, caros amigos, eu vos digo: que vontade de encontrar meu doppelgänger perdido...