quarta-feira, 29 de abril de 2009

Os filmes da minha vida

Da série Blogagem Coletiva

Filmes, filmes, filmes! Qual a melhor diversão do mundo depois de uma boa leitura? Claro que é se entregar, por algumas horas, à magia do cinema! Ali se encontra tudo que há num bom livro: história, enredo, suspense, encantamento, fascinação, personagens... Aliás, esses três últimos "itens" são definitivos para que eu tenha certeza que aquilo lá que eu vi é realmente um filme excepcional.

Já vi muitos e isso torna especialmente difícil e árdua a tarefa de escolher um só para ser "o" filme da minha vida. Como acabei fazendo na escolha do livro da minha, decidi apontar três títulos que mudaram para sempre minha maneira de ver a vida.

Vou começar pelo filme que me causou a sensação mais gostosa que se tem ao assistir um filme: o encantamento. Supercalifragilisticexpialidocious! Quando escutei isso pela primeira vez - lá pelos meus oito anos - nossa! O encantamento foi imediato. Mary Poppins [1964, Robert Stevenson] com sua sombrinha que servia de pára-quedas, seu amigo limpador de chaminés que fazia desenhos no chão - e dava pra mergulhar neles - e sua valise com um fundo sem fim fez parte de meu imaginário por muitos anos. E até hoje, quando ando no maior estresse, essa obra-prima do cinema sempre aparece como apaziguador dos hormônios e pressões da vida: é só assistir que saio feliz, cantarolando as canções da babá mais divertida do mundo.


O segundo filme da lista foi o que me causou uma fascinação que me faz suspirar até hoje, quando penso nele: Casablanca [1942, Michael Curtiz] com sua história de amor cheia de rancores e paixões exacerbadas conquistou platéias do mundo inteiro e não foi por acaso! Rick (Humphrey Bogart) é sombrio e desiludido, encarando a vida com a dureza e o cinismo dos que carregam o coração partido; ele comanda um bar em Casablanca, único ponto de fuga para sua amada Ilsa, (Ingrid Bergman, lindíssima) que não está sozinha, mas com o marido - e ele não é qualquer um: ele é simplesmente um dos cabeças da resistência tcheca ao nazismo que tomava conta da Europa na Segunda Grande Guerra. Em meio a toda a turbulência política que ronda o local, Rick e Ilsa relembram o grande amor vivido entre os dois ainda em Paris, antes da invasão nazista na França. E quando Sam, o pianista do Rick's Bar toca As time goes bye, após a discreta insistência de Ilsa, a paixão por essa história e por esse filme é instantânea.

Uma outra coisa que destaco nesse filme é a riqueza dos diálogos, com frases e situações afiadíssimas para quem gosta de prestar atenção nisso. Tudo é muito cínico, tudo é muito duro, principalmente quando os personagens do Risck's Bar estão em cena. Na passagem em que Ilsa insiste que Sam toque As time goes by, ele simplesmente finge que não a conhece! O diálogo:

ILSA: Toque uma vez, Sam. Pelos bons velhos tempos.
SAM: Eu não sei o que quer dizer, senhorita.
ILSA: Toque, Sam. Toque As time goes by.

E os acordes e o vozeirão de Sam enchem o bar, para desespero de Rick, que queria mesmo era esquecer aquilo tudo. Fan-tás-ti-co!


O último filme dessa humilde lista é um que me causou fascinação e encantamento pela riqueza dos personagens apresentados ali. Também me fez ter certeza de que o cinema e a arte são uma fábrica inesgotável de possibilidades: Dogville, de Lars von Trier [2003]. Cinema com cara de teatro, teatro do absurdo, teatro caixa preta, num galpão escuro e sem elementos de cena. Um filme baseado na força de sua história e de suas atuações: um show.

O filme começa com uma tomada de cima, onde se pode ver o desenho da cidade - com as marcações dos espaços das casas desenhados no chão. A cidade se chama Dogville e é lá que Grace (Nicole Kidman, atuação fenomenal) procura abrigo ao fugir de gângsteres. Os moradores do local não querem se comprometer, mas deixam Grace ficar por ali, fazendo tarefas que "não são necessárias", mas que os moradores "generosamente" permitem. A verdade é que não há generosidade ou bondade, mas apenas uma relação de troca. E é aqui que a história relata de maneira magistral a arrogância inata ao ser humano. Lindo, simplesmente lindo.


Esses são os filmes da minha vida. Espero que tenham assistido - e gostado.
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Escute aqui As time goes by como toca em Casablanca.

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Este post faz parte da Blogagem Coletiva - O Filme da Minha Vida, proposta pela Vanessa, do Fio de Ariadne, ao qual 120 blogueiros cinéfilos aderiram e estão, hoje e amanhã, escrevendo sobre os filmes de suas vidas. Para ler esse pessoal todo, clique aqui.
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Daqui a pouco...

... neste blog, o Filme da minha Vida.
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domingo, 26 de abril de 2009

São Luís no Ano da França no Brasil

Dei uma sumida da blogosfera, mas foi por uma causa nobre: é que tô trabalhando num documentário sobre O Ano da França no Brasil e como a programação do projeto foi lançada oficialmente esta semana, fiquei sem tempo até para dormir! E por falar nisso, esta é uma ótima oportunidade para assuntar sobre a minha cidade por aqui , já que São Luís e França tem algumas coisas [importantíssimas, diga-se de passagem] em comum.



Para começar, a História oficial conta que São Luís foi fundada por uma esquadra naval francesa que invadiu o Brasil em setembro de 1612. Os franceses estavam interessados em construir uma colônia francesa no Novo Mundo, a França Equinocial, próxima à Linha do Equador. Deram à colônia o nome do rei-menino que ainda não podia assumir o poder na Europa: e Luís XIII, no Brasil, virou São Luís.

A comemoração do Ano da França no Brasil em São Luís ganha ares mais culturais por conta do título que a cidade conquistou este ano: o de Capital Brasileira da Cultura. Então, o ano inteiro, vai chover de eventos legais por aqui; se você andava pensando em conhecer São Luís, o momento é esse!

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Dia desses, um amigo me ensinou uma "brincadeira" interessante com a sorte de hoje do orkut: acrescente a expressão "na cama" em todas as frases que a sorte de hoje te apresentar. É uma besteira, mas garante boas risadas.

A minha sorte de hoje ficou assim: "Nunca desestimule alguém que evolui, não importa quão lenta seja a evolução na cama." hahahaha, que tolice!

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A próxima Blogagem Coletiva está pertinho! Nos dias 29 e 30 de abril passe para conferir!



quarta-feira, 1 de abril de 2009

25 anos sem Marvin Gaye

Levanta a mão quem nunca sentiu vontade de ligar para o namorado [ou equivalente] e convidá-lo para uma fantástica noite a dois, no exato momento em que ouve o primeiro acorde de Let's Get it On! Todo mundo, né? Essa sensualidade a flor-da-pele foi uma das grandes marcas da obra de Marvin Gaye, astro de talento inegável do Rhythm and Blues, que morreu há exatos 25 anos.
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Gaye foi morto a tiros pelo pai, um pastor evangélico que tinha o mesmo nome do filho famoso, no dia 1° de abril de 1984, a um dia de completar 45 anos. Os tiros foram ocasionados por mais uma discussão entre os dois, coisa que havia se tornado rotineira na família. Problemas com drogas e relacionamentos, além de depressão e manias de perseguição levaram Gaye a voltar a morar com os pais na Califórnia.

Mas antes desse final trágico, esse gênio da soul music nos deixou uma vasta herança musical que ninguém tira da competência e originalidade dele: canções de letras sensuais, álbuns engajados na preservação do planeta [What's Going On] - isso em 1971! - tudo isso consta no inventário artístico de Marvin Gaye, que se estivesse vivo, completaria 70 anos amanhã.

Sexual Healing, lançada no álbum Midnight Love, em 1982, rendeu os dois primeiros prêmios Grammy da carreira de Gaye - nas categorias melhor performance R&B e melhor R&B instrumental. A magistral apresentação de Marvin Gay cantando a canção, na noite do Grammy Awards 83, em fevereiro deste mesmo ano, dá pra ver aqui.