O jornalista e romancista americano Norman Mailer (ele também era cenógrafo) sempre foi considerado um chato. Chato e estranho. Tão estranho que, comumente, alguns esquisitos que se aproximavam de nossa "turminha" no curso de comunicação sempre recebia o nome do escritor como codinome. "Fica calmo que lá vem o Norman Mailer", dizia Carlos Alberto. A chatice de Mailer também era traço das personalidades dos alheios às nossas regras internas. Bairrismos dos tempos de faculdade à parte, nós sabíamos muito bem quem era esse excêntrico - tanto que era como se ele fizesse parte da galera. Mas os pseudo-clichês intelectuais usuais em nosso cotidiano não mascaravam certas verdades e apesar do Norman [olha a intimidade...] ser famoso pelo temperamento forte (leia aqui: chatice) e ser arredio a movimentos como o feminista (mas por que justamente contra a mulher?), tirávamos o chapéu a ele, pela sua postura de "quase-ícone" da contra-cultura americana.
Um dos símbolos dessa atitude anti-imperialista de Mailer foi uma de suas obras mais conhecidas, o livro-reportagem A Luta, na qual descreve o histórico enfrentamento entre os boxeadores Muhammad Ali e George Foreman, em 1974. Mais do que uma luta de boxe, o confronto realizado no Zaire - até hoje considerado a maior luta de todos os tempos - colocou cara-a-cara duas faces do mesmo Estados Unidos: George Foreman, que se vestia com as cores da bandeira americana e representava a suposta superioridade branca (apesar de ser negro) e Ali, que tivera seu título de campeão mundial de pesos-pesados revogado por se recusar a servir o Exército no Vietnã [antes disso, ele já tinha abandonado seu nome de batismo, Cassius Clay, por Muhammad Ali e trocado o imperialismo norte-americano pela fé em Alá]. Ali acabou vencendo a luta: o mundo ganhou uma lição e nós, leitores, ganhamos uma leitura das boas.
Um dos símbolos dessa atitude anti-imperialista de Mailer foi uma de suas obras mais conhecidas, o livro-reportagem A Luta, na qual descreve o histórico enfrentamento entre os boxeadores Muhammad Ali e George Foreman, em 1974. Mais do que uma luta de boxe, o confronto realizado no Zaire - até hoje considerado a maior luta de todos os tempos - colocou cara-a-cara duas faces do mesmo Estados Unidos: George Foreman, que se vestia com as cores da bandeira americana e representava a suposta superioridade branca (apesar de ser negro) e Ali, que tivera seu título de campeão mundial de pesos-pesados revogado por se recusar a servir o Exército no Vietnã [antes disso, ele já tinha abandonado seu nome de batismo, Cassius Clay, por Muhammad Ali e trocado o imperialismo norte-americano pela fé em Alá]. Ali acabou vencendo a luta: o mundo ganhou uma lição e nós, leitores, ganhamos uma leitura das boas.
Despedida - Norman Mailer morreu no sábado, dia 10 de novembro, de insuficiência renal, segundo familiares, aos 84 anos. Além de livros interessantes e um sólido modelo de postura pública, deixou nove filhos órfãos. (Alguns leitores também.)
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Escutando agora - One for my baby, Billie Holiday.
Um comentário:
Se vocês tiverem me chamado de Norman Mailer vou encher vocês de porrada! hehehehe
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