4 - Boogie Nihgts, de Paul Thomas Anderson (1997) - Na crista da onda do cinema pornô, em plena e louca década de 70, Jack Horner, aclamado diretor do gênero "inventa" Dirk Diggler, um jovem e estreante ator que descobre que seu grande talento de 33 cm pode abrir as portas de um mundo feito com drogas, sexo e muita disco dance. Diggler passa a fazer parte de uma "família" que agrega atores, produtores, técnicos e toda a fauna que gira em torno da indústria pornográfica de filmes. Com essas pessoas, ele acaba aprendendo que a vida não é feita apenas de alegria à toda prova e encontra caras e bocas bem mais tristes do que as que se vê nos filmes de sexo explícito. O filme acompanha a "ascenção e queda" de personagens como Amber, a atriz que sofre porque não consegue a guarda do filho e se desdobra em cuidados maternais para com todos os colegas de trabalho; como a Rollergirl, sempre montada em seus patins e enfrentando o preconceito pela vida que leva; e até como o próprio diretor dos filmes e 'paizão' de toda a turma, que apesar de achar que faz arte através de seus filmes, só consegue enxergar mediocridade neles quando os avalia mais profundamente. Dirk Diggler é outro que também cai num mundo de vícios e crimes, ainda que permaneça a lenda do seu nome. Triste de doer.
6 - A.I. Inteligência Artificial, de Steven Spielberg (2001) - Calotas polares derretidas, recursos naturais escassos e a humanidade já em franca decadência. Assistir a tudo isso já deixa o espectador com uma deprê de dar dó. Quando somos apresentados a um futuro em que há robôs para tudo - trabalhos domésticos, trabalhos de escritório, para fazer companhia e até para fazer sexo! - descobrimos que o amor virou item de série na mais nova invenção dos humanos: David, um menino-robô que ama incondicionalmente. Ele é adotado por um casal que sofre pela doença terminal do filho - que foi congelado até que a cura fosse encontrada - e luta para ser amado por uma mãe deprimida e neurótica. Quando o filho verdadeiro volta e surgem as competições naturais pelo amor da mãe, David é abandonado numa floresta e começa aqui uma triste jornada para o menino, que não foi programado para esquecer o amor que sentia pela mãe. Suas únicas companhias são o ursinho Teddy e o robô-gigolô Joe, que tenta ajudá-lo a encontrar um lugar no mundo para David. "Eu só preciso fazer as mulheres felizes", explica Joe. Muito triste essa idéia de fazer do amor algo programável e o filme só caminha para mais tristeza, quando o Planeta Terra já se acabou, extra-terrestres tomam conta do que restou e fazem pesquisas para descobrir como foi a vida no planeta. O menino-robô congelado é descoberto e quando é reprogramado só tem lembranças de sua amada mãe. De partir o coração.
8 - Menina de Ouro, de Clint Eastwood (2004) - Insistência deveria ser o nome de Maggie, personagem de Hilary Swank, que quer realmente ser uma campeã de boxe, apesar de ter chances quase nulas, segundo avaliação de Frankie (Eastwood), treinador de boxe que já teve seus dias de glória, mas faz questão de esquecê-los. Tanto insiste Maggi, até conseguir dobrar Frankie, que indo contra todos os princípios firmados por ele nos últimos anos, decide treinar a lutadora - e ela se torna campeã de boxe. Numa relação de amizade e confiança que só cresce ao longo da história, temos um final trágico, apesar de sensível e humano. A narração de Scrap (Morgan Freeman) torna tudo ainda mais triste, especialmente ao final do filme, em que Frankie vai embora de coração partido e ele - o narrador - filosofa: "Nesse momento, creio que ele já não sentisse nada." Cruel.
9 - Amores Brutos, de Alejandre González-Iñárritu (2000) - Com uma história que parece ser das mais complexas em todos os tempos, três vidas normais se entrelaçam de maneira trágica: o adolescente apaixonado que passou a ganhar muito dinheiro em brigas de cães; a modelo famosa e feliz que conseguiu tirar seu amante das mãos da esposa; e o agora matador de aluguel, ex-guerrilheiro, que vive um mundo de amarguras, se cruzam num terrível acidente de trânsito que altera a vida de cada um dos envolvidos da pior maneira possível. Num drama que envolve solidão, arrependimento, abandono, depressão e muito amor - especialmente pelos cachorros (daí o nome original do filme) - Amores Brutos mostra o quanto essa nossa vidinha é frágil, volátil e suscetível a desgraças de todos os tipos. Triste demais.
10 - Closer, de Mike Nichols (2004) - A stripper Alice se apaixona pelo jornalista-escritor Dan e vive numa doce e improvisada lua de mel até que seu amado se apaixona pela fotógrafa Anna, que prefere se casar com Larry, o médico - apesar de não hesitar em se tornar amante de Dan. Personagens egoístas, quase ególatras, e situações nada insólitas nos dão uma sensação de vazio e descrença no ser humano. O pior de todas as constatações, ao assistir ao filme, é que a vida tem sido assim mesmo, dessa maneira um tanto ensandecida e inconsqüente. A cena em que Dan abandona Alice, logo após um encontro sexual entre ele e Anna, é de estilhaçar o coração. O diálogo entre os personagens: "A última coisa que quero é magoar você..." - Dan, um tanto compenetrado. "Então por que está me magoando?" - Alice chorando. Crash total.
No player - Filme triste, Chico César.
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